segunda-feira, 8 de outubro de 2018

elogiar

quem ainda não se deparou com aqueles miúdos reguilas, por vezes e ao início, engraçados mas que, com o tempo, se tornam irritantes, perturbadores?

quem ainda não teve de negociar comportamentos, atitudes, disposições em sala de aula daqueles alunos desinteressados, alheados, indiferentes, por vezes repetentes?

acreditem que vale muito mais e é muito mais eficaz criar alguma empatia, elogiar em vez de reprimir,

um elogio faz mais que muitas pretensas palmadas; é ver o sorriso a abrir-se, a confiança a instalar-se, perceber que, afinal, não é só fel, também há mel

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

a leveza de uma profissão

a aprovação do decreto lei do governo, recusando e negando o que os professores defendiam, dá conta do peso cada vez mais leve, senão mesmo vazio, em que a profissão docente tem caído;

uma profissão vez mais funcionalizada e composta por grande número de simples funcionários;

por onde tenho andado e fruto de diferentes circunstâncias e situações (cansaço, idade, políticas, constrangimentos), não tenho dado conta de militantes da profissão, isto é, de gente implicada, conivente, interessada na sua profissão;

tenho dado conta de excelentes profissionais, empenhados e interessados na sua ação individual, restringida e circunscrita à sala de aula; 

faltam docentes que sejam exemplos, que mobilizem o conjunto, que sejam referências profissionais e sociais; 

no dia internacional do professor, um voto de reconhecimento a todos quantos abraçaram esta profissão; 

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Foco e colaboração

Quando se passa a trabalhar por projeto registo duas dificuldades.

Gerir a liberdade e a autonomia; o aluno não está habituado a estar por si, está habituado a ter orientação, pastor, guia, orientador. A liberdade também se aprende.

Foco. O aluno, por uma questão de dificuldade de gerir a sua liberdade, dispersa-se, não cria um foco e tanto vai numa direção como no seu contrário, vai num sentido, como o altera repentinamente.

Os primeiros trabalhos servem para ajudar e apoiar o aluno a aprender a gerir a sua liberdade e a criar o seu foco.

avaliação formativa

todos, ou quase todos, os professores utilizam a avaliação na sua vertente formativa;

mas será efetivamente assim?

ou, a utilização que é feita tem uma intenção e acaba por cumprir outros objetivos?

será quea maior parte dos professores consegue efetivamente avaliar sem fazer testes?

aqui ficam cinco razões para a avaliação formativa; com a particularidade de, em inglês, se conseguir descriminar ainda melhor:

assessment for learning ou assessment of learning

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Início dos trabalhos

Sinto dificuldades em criar uma comunidade de aprendizagem (também reconheço que não tenho feito grandes esforços nesse sentido);

mas dei início, com alguns grupos, ao trabalho de projeto;

por enquanto ainda a título de exemplo, a criar passagens, mais ou menos suaves, entre a teoria que tenho apregoado e a prática que se irá, progressivamente, aprofundando;

dou conta da boa receptividade por parte da grande maioria dos alunos; de outros, que não recebem tão bem, dou nota da expectativa, do benefício da dúvida que é concedido;

primeiros momentos... gosto

Comentários

sempre que início um novo ano letivo, tenho (e sinto) a preocupação de alertar os diretores de turma para eventuais comentários ou pedidos de esclarecimento que os encarregados de educação solicitem por via do metodologia de trabalho que utilizo - trabalho de projeto;

este ano, assim fiz;

foram poucos (se é que houve algum) que me deu atenção; ouviram as minhas palavras, disso não tenho dúvidas, mas não lhe terão dado a atenção que eu solicitava - reconhecida pela prática;

resultado, já nestas primeiras reuniões, em turmas onde já vou mais adiantado, surgem comentários, dúvidas e questões;

o problema não são os pais/encarregados de educação solicitarem esclarecimentos, que considero legítimos, o problema passa pelos professores que, por não terem escutado, não sabem esclarecer;

é o hábito...

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Pedagogia defensiva

Há, uma medicina defensiva, aquela em que o médico prescreve exames atrás de exames, umas vezes para se salvaguardar outras para entreter o paciente/utente.

Mas também há uma pedagogia defensiva, aquela em que não ata nem desata, que cumpre escrupulosamente o programa, as orientações curriculares ou as determinações dos órgãos da casa.

Jogar à defesa é não querer ganhar o jogo, é arriscar pouco para ganhar pouco,

Tenho pena do que se perde, das oportunidades que se desperdiçam, dos futuros que não se conquistam.

Jogar à defesa é ser reprodutivo e não criativo, é ser gerido e não autónomo, é fazer o mesmo, sempre, é repetir a dúvida.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Sobre a escola (inquietações 2)

Deixei passar o fim de semana. Habitualmente não gosto de, nesses dias, me aproximar das máquinas.
Recupero algumas inquietações, agora sobre a escola e com a imagem de um livro recente que aborda as questões entre o povo, na sua acepção mais grega, e a tecnologia.

Em tempos em que a tecnologia nos invade qual o espaço para a escola?
Em tempos em que os laços se diluem e as famílias se reconfiguram, quais os objetivos da escola?
No contexto da escola que disciplinas, qual o papel da sala de aula, o que deve lá entrar e o que não deve sair?
Que relações estabelecer, com quem, porquê e para quê?
Em tempos em que se apela à inclusão, ao respeito pelas diferenças qual o papel da homogeneização educativa e da uniformização escolar?

sábado, 29 de setembro de 2018

sobre os professores (inquietações 1)

no meio das conversas de ontem, referenciadas na entrada anterior) ocorreram-me um diferente conjunto de questões que são também inquietações;

dou conta de uma, sobre os professores;

qual o papel dos professores na escola de hoje?

qual o sentido, os princípios e/ou as bases de autoridade, poder e legitimidade dos professores perante a diversificação de fontes de informação, a diluição dos poderes, o esbatimento das autoridades?

qual o sentido de missão (peço desculpa, eu mesmo não gosto deste conceito aplicado aos professores), o objetivo central e prioritário do professor do século XXI?

se conseguirmos identificar algumas das respostas a estas questões, que possam ir além do lugar comum, da vulgar banalidade de ideias feitas, penso que seremos capazes de começar a (re)qualificar a escola e a educação - já nem digo a profissão;

criatividade

ontem fui ouvir falar daquilo que gosto; (re)conhecer outras e novas experiências, outras práticas, outros modos de fazermos a mesma coisa;

ponto assente, é fundamental imaginação, criatividade e ousadia para (re)organizar a escola de hoje e do amanhã;

imaginam uma escola onde não há pautas, mas informação mensal ao encarregado de educação sobre a situação (rendimento, aproveitamento, comportamento, atitudes) do seu educando?

mas ela existe;

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

crenças

depois da formação/palestra sobre a educação inclusiva ouvir um colega perguntar/afirmar/observar que "ainda há gente que acredita nestas coisas", estas coisas são a diversificação de estratégias, a flexibilidade curricular, a inclusão de todos, leva-me a questionar, afinal, a educação é uma questão de crenças?
será??!!

criatividade

uma das dificuldades que professores e alunos sentem quando se trabalha com a metodologia de projecto, passa pela criatividade;
aos alunos porque, na generalidade não são criativos, conhecem pouco, são limitados no que conhecem e, muitas vezes, avessos ao diferente;
os professores porque a imaginação também tem límites;
aqui ficam um conjunto de sítios com excelentes ideias;

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Individualismo

Ouço falar (e reconheço-me nas palavras)  sobre o novo diploma da educação inclusiva.
Duas questões:
O diploma é um princípio de orientação de práticas (que sem mudarem ideias, dificilmente mudarão práticas, concepções);
O diploma remete para dimensões colaborativas que, na maior parte das escolas, assenta em reuniões, grelhas e horas extras;
Precisamos de ajudar a mudar ideias e concepções sobre a prática docente de modo a que possamos organizar outras estratégias, outras metodologias, outras dinâmicas.
Reconheço-me integralmente no diploma, mas, porque estou em casa nova, porque não conheço nem me reconhecem, persiste o individualismo, o professor sozinho em sala de aula, a compreensão tácita que é assim e pronto...

(De) Formação

Sessão de "esclarecimento" sobre um decreto lei (54/2018 de 6 de julho)  que é muito mais que um normativo, é um código de princípios de orientação.
Mais que o orador ou os conteúdos questiono-me sobre as estratégias, será que ainda se aprende em sessões de "evangelização"?
Porque não apoiar e valorizar a partilha local de ideias e conteúdos, de estratégias e principios?
Para quando orientações que levam em consideração os locais mais do que trazer espertos (experts) ao terreno?
Porque não promover a experts enquanto dinamizadores e orientadores da conversa, em detrimento de sessões coletivas onde as distrações são mais que muitas?

terça-feira, 25 de setembro de 2018

surpresas

tenho andado em apresentações;
ao contrário de outros, considero que a apresentação é essencial, um momento dos mais importantes do ano letivo;
é neste momento que criamos expectativas, que nos damos a conhecer ao que vimos e o que somos;
algumas das imagens/ideias mais fortes são definidas neste momento;
e, reconheço, a surpresa de muitos, senão de quase todos, os alunos quando digo que venho para aprender;
votos para que eles, os alunos, tenham paciência comigo e me saibam ensinar;

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Uma linha de fronteira

Uma mesma estrada, que mais não é (ou foi) que linha de demarcação entre zonas de reconquista, a estrada nacional 4, tem, ao longo dela, tão distintas e diferentes realidades quantas não nos apercebemos.
A mesma estrada que une diferentes pontos, mostra a profunda diferença entre gentes (comlortcomport, relações, attitude);
E uma maravilha.

Perguntas de apresentação

Finalmente conheci os novos grupos/turma 😃
Na apresentação era meu hábito deixar a questão, quem em perguntas a fazer?
Raramente apareciam questões, dúvidas, perguntas (o que considero normal, uma vez que o desconhecimento é mútuo);
Hoje, no final da apresentação, coloquei a questão de outra forma, coloquem duas perguntas;
E deu resultado,

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

crescer

gosto de olhar para as coisas, sejam elas acontecimentos, notícias ou o que quer que seja e transpor para a área da educação, afinal, a minha área de trabalho;
esta notícia dá conta de uma situação que é patente na escola e, de certa forma, alimentada pela escola; a dificuldade de crescer;
crescer implica, entre outras coisas, assumir responsabilidades, saber decidir e escolher,
apesar de muitos dizerem que a escola ajuda a isso mesmo, o mais das vezes a escola ajuda e ensina a reproduzir, a obedecer, a estar na norma e a cumprir a regra, a ser obediente e passivo;
se isso valeu em tempos para crescer, hoje dificilmente o permite, dando conta que falta, na escola, espaço para a autonomia individual;
resultado, a escola prolonga a infantilização do adolescente, a sua falta de autonomia (e de responsabilidade), o trabalho escolar torna-se lúdico e, por vezes, sem sentido, despropositado, desligado de futuros;
solução?
alterar metodologias de trabalho e de relação com o aluno,
fazer do aluno um parceiro e sujeito de aprendizagem e não mero objeto;
saber negociar e não impor situações;

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

envolvimento e implicação

um dos grandes desafios da escola no presente passa por envolver e implicar o aluno no trabalho escolar;
começo pela questão, se a escola é sobre o futuro de cada um e de todos, se há conteúdos deveras interessantes e pais preocupados, se há cada vez mais diversidade de estratégias e de metodologias de trabalho em sala de aula, porque é que os alunos não se envolvem na escola? Porque é que tudo, para o aluno, é, na generalidade dos casos, uma seca?
Esta foi uma das razões que me levou a optar por trabalhar com base na metodologia de projeto;
mas, como não há soluções, há que diversificar estratégias;
aqui ficam umas quantas, para o princípio e para o final da aula; sabendo-se sempre que certamente variação de acordo com todas as variáveis existentes, mas há que experimentar...

perguntas

tradicional e habitualmente a escola está preparada para que o aluno dê respostas;
responda ao que o professor pergunta, ao que sai no teste, ao que é esperado...
agora inverter esta regra é essencial,
ajudar o aluno a fazer perguntas, assegurando a sua curiosidade, orientado o seu questionamento é fundamental;
ora aqui ficam um conjunto de estratégias para perguntar de quem percebe da coisa;
uma boa questão pode dar proveito para muitas e muitas aulas;

terça-feira, 18 de setembro de 2018

sobre as páginas web

de quando em vez passeio-me por diferentes sítios web;
pela escola onde estou, por escolas por onde estive ou pelos vizinhos - ora por mera curiosidade, ora para comparar ideias ou aquilo que, num momento, surja;
e são tão pobres - não digo todas, nem sequer a generalidade, corre-se o risco de generalizações abusivas;
mas, as páginas por onde passeio habitualmente, têm tão pouca informação, são tão formais e institucionais que remetem para lógicas e princípios do século passado;
nota-se, na generalidade, a ausência de uma estratégia de marketing digital em tempos em que os miúdos usam e abusam deste meio; raras, raríssimas, aquelas que se apresentam como depósitos de informação local enquanto forma de complemento à sala de aula, e aos espaços mais tradicionais...

faltei

e sem querer faltei ao meu primeiro dia de aulas, à minha primeira semana de aulas;
tenho os afazeres prontos, guardados para começar, a sério, na próxima semana;
só para a semana irei conhecer "os meus novos fregueses" e parceiros de travessia de mais um ano;
estive em falta, estou em falta;

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

e o futuro

lá mais abaixo escrevo sobre o currículo, a Visão inquieta-se sobre o futuro;
e a escola, senhores, por onde anda, a ensinar coisas do passado ou a preparar para o futuro?
serão os clássicos uma aposta de futuro?
como compatibilizar e gerir o passado da ciência com o futuro do conhecimento?
cada vez gosto mais da minha profissão;

destak currícular

O jornal Destak trás, na sua capa de hoje (13/09/2018) a questão da economia como essencial para o currículo;
a questão do currículo é a questão das escolas e que torna difícil, senão quase que impossível, gerir;
há que gerir interesses e oportunidades e, dentro dessa gestão, o que fica e o que sai, porque acrescentar eternamente não faz bem a coisíssima nenhuma;
afinal, o que é que é relevante nos tempos que correm? o que poderá ser relevante para o futuro? o que é que devemos ensinar e transmitir às novas gerações do futuro? acrescento, o que é que deve ser nacional e, pergunto, haverá espaço para currículos locais?

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Sobre a transferência de competências

Relativamente à lei da transferência de competências o meu receio não passa pela eventual partidarização dos serviços;
Passa, antes, pelo risco de realce das diferenças, de criarmos não uma divisão entre litoral em interior ou, nem sequer, entre urbano e rural, mas entre princípios e lógicas de ação local;
Diferenças entre quem tem visão e técnicos para a apoiar e orientar e aqueles que mais não fazem que agradar a lógicas e interesses circunstanciais e de pequenez local, aí, a coisa pode sair torta e termos concelhos a velocidade muito diferentes;
Solução? Mecanismos intermédios de regulação, órgãos ou organismos que permitam equilibrar e compensar diferenças...

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

coisa simples

alguém, daqueles que por aqui passam, trabalha com base na metodologia de projeto (vulgo PBL)?
se sim querem deixar o vosso feedback na caixa de comentários? partilhar ideias e propostas (ao nível do 3º ciclo estou disponível no corrente ano lectivo);
se não o porquê de ainda não terem enveredado por esta opção?

domingo, 9 de setembro de 2018

questão de orientação - driving question

o trabalho com base na metodologia de projeto tem três momentos ou elementos críticos:

a questão de orientação - (ver) que não deve ser simplista, de forma a que o aluno identifique rápida e facilmente uma resposta, nem complexa em excesso, que conduza à desmotivação e ao abandono do trabalho; a questão de orientação deve estimular a curiosidade, espicaçar apetites, mas,de igual modo, orientar no trabalho, propor e orientar para uma organização;

a organização que inclui as tarefas, o plano de trabalho, o calendário e a estrutura de produção (ver) - muito a cargo do aluno e onde, na generalidade, os comentários vão no sentido da falta de hábitos de trabalho ou na ausência de autonomia (entenda-se, na generalidade, iniciativa, capacidade empreendedora); organização que permita identificar e distribuir tarefas entre os diferentes elementos do grupo, planificar, mediante calendarização e rotinas, o que haja para fazer; nesta fase o trabalho do professor é essencial enquanto mediador e orientador (ou tutor), mas deverá acautelar a pressa, deixar espaço a que os alunos debatam, ultrapassem problemas e identifiquem eventuais possibilidades;

a apresentação e avaliação (ver) onde nos deparamos com o que correu menos bem para trás, questão de orientação indefinida ou clara, organização estruturada ou, pelo contrário, desadequada bem como o modo de mobilização dos conteúdos e como eles se apresentam; finalmente e que inclui esta fase, a avaliação - pelos pares, pela assistência, pelos elementos envolvidos no projeto;

pessoalmente debato-me na forma como levar esta proposta de trabalho docentes que nunca trabalharam em metodologia de projeto; mas uma coisa de cada vez;

em fim de semana

habitualmente ao fim de semana procuro ficar algo distante das máquinas, das tecnologias e dos afazeres dos restantes dias da semana; é mesmo uma pausa, um refazer e restabelecer;

no decorrer da semana quero escrever pouco, ideias curtas, ainda assim têm sido algo extensas para o pensado inicialmente;
no fim de semana, porque é fim de semana, permito-me escrever algo mais, quem tiver pachorra lê (reconheço que as tecnologias são fluídas, requerem tempos e ações curtas), quem não tiver, folheia;

escrevo sobre a idade, como me tem alterado;

em tempos gostava de participar numa boa conversa
(ia escrever discussão, mas sei que pode ser entendido em sentido depreciativo e não é isso que pretendo - ainda gosto de uma boa conversa, mesmo e particularmente com pessoas diferentes, mas agora escolho com quem converso e quem escuto);
gostava de trocar ideias sobre as opções de escola, as metodologias de trabalho; quem me conhece sabe como é verdade e como gosto de ir ao encontro das conversas;

afinal porque é uns aprendem e outros não? porque é que a escola e as disciplinas que deviam despertar interesse e curiosidade, provocam desinteresse, aborrecimento, alheamento? porque é que a escola e os saberes escolares, que permitem melhorar as condições de vida, trazer e criar outras oportunidades, pelo menos diferentes das que existem, conduzem ao deixa andar, ao arrastar de mochilas e cadernos, ao desapego ao trabalho escolar? Porquê?
há todas e outras tantas explicações - cada um dá a sua, o certo é que persistem alunos desinteressados, alheados, indiferentes, a ficar para trás, a reprovar, porquê?

eram e continuam a ser questões que me despertam a curiosidade, me aguçam o interesse e me provocam no sentido de tentar identificar formas de envolver, implicar e interessar o aluno;

a ação pedagógica tem uma coisa que poucos, hoje em dia, gostam ou simpatizam e com o qual os professores sempre tiveram dificuldades em lidar, o tempo; e é este tempo que se torna essencial na gestão do envolvimento do aluno, nas suas diferentes formas de implicação com a escola; e, de igual modo, a sentir o resultado da ação pedagógica (dos professores);
hoje querem-se resultados imediatos; situação que dificulta o envolvimento com a escola e, em particular, com a educação; mas é com este tempo que temos de lidar e gerir;

há que dar tempo ao tempo; mas dar tempo ao tempo não é persistir em modos que reproduzem a desigualdade, que acentuam diferenças ou que cavam obstáculos, criando formas de segregação ou exclusão; dar tempo ao tempo é perceber de onde vimos, onde estamos e para onde e como e com quem vamos;

é o papel da história, sem julgar ou criar juízos, mas saber avaliar o tempo decorrido; é saber ouvir, dialogar, perceber diferentes sentidos e alternativas; é perceber que não existe apenas UM caminho e menos ainda UMA verdade e que uns e outros mudam consoante o tempo;

por incrível que possa parecer, esta uma das minhas aprendizagens com a idade;

(sobre estratégias e técnicas de envolver o aluno, um texto, já com algum tempo, mas que permanece oportuno)

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

lideranças

um colega deu-me conta das suas "impressões" sobre a minha entrada referente à capa da revista visão;
e ficou-se ele apenas pelo facebook, quando, por aqui, me estiquei um pouco mais;
ambos concordámos numa coisa, as lideranças são determinantes em qualquer processo;
lideranças de conformidade, de apoio, de criatividade, de ousadia, de funcionalização e regras, há de tudo;
reconheço que devem ser poucos os directores dispostos a arriscar e menos ainda a ousar (mas existem), manietados que estão, mas são eles as principais referências para manter ou mudar a escola, apoiar ou coartar a mudança, incentivar ou reprimir a inovação, canalizar opções ou simplesmente drenar efeitos;

organizações que aprendem

posso parecer o aquilo que sou, mas não deixo de escrever sobre o que penso;
há muito que defendo que as escolas estão recheadas de massa cinzenta; são dos poucos sítios, em muitos concelhos deste país, que têm quadros técnicos de nível superior - e a escola tem muitos por metro quadrado;
mas as escolas são também das organizações onde mais dificilmente se aprende uns com os outros, entre pares;
o modelo de ensino e aprendizagem está de tal modo enraizado que é difícil falar e ouvir, partilhar ideias, perceber outros pontos de vista dentro da mesma organização;
choca-se, muitas vezes, com a excessiva pessoalização dos temas (intrigas, gostos e simpatias ou o seu contrário) ou apenas com o receio do diferente (onde se considera ameaça ao instituído);
quando troco de escola esta situação torna-se-me mais evidente e percebo (mais e melhor) que há manifestas dificuldades de aprendermos entre pares e promover a organização em detrimento de questões mais individuais (ou individualistas);
promover a a partilha acaba por ficar circunscrita a pequenos grupos (de amizades, de interesses, de cumplicidades) e a organização pouco e poucas vezes ganha com isso;
mas é o que temos

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

diversidade flexível

quando vi a capa da revista visão não consegui deixar de largar um sorriso, eu que vou ter livro de ponto, recolher as faltas dos alunos, enquanto diretor de turma, à mão e onde a flexibilidade se apresenta rígida, onde não estão equacionados momentos de articulação docente e os curriculares se ficam por "grelhas";
este um claro exemplo que há muitas escolas e múltiplas realidades escolares (e educativas) por este país fora;
que se perdem excelentes oportunidades para, localmente, se conversar, se aferirem ideias, se trocarem opiniões, se construírem ações, se partilharem experiências e práticas, de fazermos a nossa formação entre nós, sem cientistas ou outros;
por isso me revejo nas comunidades de aprendizagem (fica link institucional, mas uma rápida pesquisa disponibiliza inúmeras e essenciais referencias), porque as soluções, como os problemas, são locais e têm/devem ser identificados pelos actores locais; haja ousadia (que há muito não encontro), haja criatividade (da qual sinto falta), haja arrojo e não conformidades;

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

autonomia e flexibilidade

ao andar de um lado para o outro, tenho a possibilidade de perceber os diferentes (e iguais) modos de pensamento docente;
uma das situações com que me deparo é a falta de discussão, de acerto conversado de ideias; é certo que nos últimos tempos (já longos, digo eu) roubaram tempo e espaço e oportunidade às conversas e, quando se conversa, procuramos sair da concha, deixar de lado as "moengas";
afinal, o que é que entendemos, nós aqui mesmo, nesta escola, neste grupo, sobre o que é a flexibilidade curricular? Somos todos docentes, mas existem tantos entendimentos quanto as cabeças que se juntam;
fico algo surpreendido pelo conjunto de lugares comuns que cada qual transporta e que, pelo que perspectivo, não é partilhado nem formalizado; por isso mesmo, cada um acaba por fazer como pode e como sabe - ou julga saber;
vai daí e a procura de soluções por medida é obra; como se existisse um qualquer comprimido que resolvesse o nosso desconhecimento;
não há;

uma questão de (des)organização

uma das grandes críticas dos professores à sua profissão, passa, em quase todo o lado pela falta de tempo, pela gestão do tempo;
considero-me uma pessoa minimamente organizada;
utilizo diferentes ferramentas de apoio (evernote, google drive e seus derivados) mas, ainda assim, deixo sempre alguma coisa por fazer, pendurada;
reconheço que as micro situações e as constantes solicitações nos desviam e desconcentram, impondo ritmos e dinâmicas que, por vezes, temos dificuldades em gerir;
acresce que mudei de local de trabalho e hoje já fui à escola para reunião que não era minha e não tinha agendado reuniões onde devia estar;
começo-me a sentir em stresse

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A começar

Hoje foi dia preenchido no meu novo local de trabalho;
Já tinha dado uma vista de olhos aos ditos documentos estruturantes (projeto educativo, critérios de avaliação) mas é sempre muito diferente de ouvir;
E hoje ouvi e senti-me assim a modos que algo em jet lag pedagógico, isto é, a precisar de tempo para perceber onde estou, como são as logicas - e que, aparentemente ninguém dá conta que .apesar de termos a mesma profissão, professores, há lógicas e princípios substancialmente diferentes e, por vezes, as palavras não significam o mesmo.
Primeiras impressões, a escola é desproporcional e desproporcionada ao contexto - mas é um espectáculo...

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

a propósito do incêndio no Palácio do Rio de Janeiro, uma aluna, que irá frequentar o 9º ano, enviou-me este desabafo:

Pois bem que ainda fazemos algo, mesmo que nada produtivo, mas fazemos algo. Quer dizer eram 5 da manhã de hoje e estava no Twitter. A fazer o quê? Absolutamente nada de interessante, bom, digamos até à notícia de que o Museu Nacional do RJ se evaporar (hipoteticamente falando) em cinzas. Não me pude lembrar de mais ninguém a não ser o professor de História. Quem mais haveria eu de relembrar? Nem sei se será meu professor este ano, mas continua, de facto, a ser uma das pessoas mais admiradoras e apaixonadas pela história que alguma vez tive contacto.
É de facto uma das maiores perdas seja para o Brasil, para nós, antigos colonizadores ou até mesmo o resto do mundo.
Saber que Luzia sobreviveu a nada mais nada menos de que 11-12 mil anos à natureza e nem 0.05% desse tempo conseguiu aguentar com os conterrâneos humanos do séc XXI. Documentos assinados por D. Leopoldina quase 200 trágicos anos antes.
É desolador. Mas da história se aprende a não errar, e creio que este infeliz capítulo das áreas de ciência, história, arqueologia, etc foi uma forma de avisar que a cultura deve e tem de ser preservada. Lamentamos às futuras gerações (eu incluída) a infelicidade de não poder trabalhar com tamanho acervo (20 milhões de objetos).
Jaz aqui mais um capitulo de tragédia que tende a repetir-se na cabeça dos ignorantes.
Obrigada por ouvir tais palavras (não tenho ninguém que possa partilhar, como sei que o professor partilha, tal opinião).
Obrigada professor, e bom ano letivo. Não deixaremos a cultura pairar pela ignorância, bem haja.
Maria do Carmo Silva

e digam que a juventude anda perdida...

coisas novas e velhas

circulei pela escola; espaço inteiramente novo para mim; tinha ali entrada uma ou duas vezes e raramente passado da zona comum;
hoje cirandei pelos corredores, a ver rostos, a perceber o espaço;
numa sala de trabalho dei com o descanso do cristo, pendurado no bengaleiro descansa uma imagem em que, em outros tempos, foi omnipresença em todas as salas de aula; desta feita está ali, apenas guardada, não esquecida;

regresso à escola - back to school

ora vamos lá a mais um ano lectivo;
este ano, para mim, escola nova, algumas caras novas, outras apenas esquecidas, algo difusas de não nos encontrarmos com frequência; outras em continuidade, imagine-se, trocamos de escola ao mesmo tempo;
um espaço muito interessante, outras lógicas organizacionais, pedagógicas e diferentes dinâmicas sociais e profissionais;
vamos nele que já se faz tarde...

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

mundança

mudar implica alguns transtornos - outras dinâmicas, outras pessoas, outras lógicas, outros princípios outros interesses, etc;
mas tem sido esta mudança que me tem permitido crescer mediante o conhecer de diferentes realidades, de tudo aquilo que implica mudar;
certamente que andarei em jet lag pedagógico durante algum tempo, disso aqui darei conta;

longe mas muito pertinho

deixo, uma vez mais, aquela que é a minha escola, o AE de Vendas Novas;
trago e levo, desde já, saudades;
aprendi a gostar daquela terra, daquela gente;
deixo para trás a minha escola mas certo que a ela deverei regressar, como tem sido meu hábito, qual porto de abrigo seguro quer ali fica;
às companhias que por ali ficam, a saudade do futuro...

nem de propósito

ontem, esperava eu pela filhota, monitora no ATL municipal, quando captei a imagem que dou conta;
mal imaginava eu que, à tarde, saberia que seria a imagem que iria ter pela frente durante o próximo ano lectivo, colocado que fui na escola Cunha Rivara;

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

das regras

na sequência da entrada anterior, destaco aquilo que considero ser a importância das regras;
não se parta do pressuposto que o aluno conhece as regras; o mais das vezes não as tem ou, se as tem, não raras vezes elas são diferentes das que o professor pensa ou pretende para a sua sala de aula; e quando as tem há que saber gerir entre regras individuais e regras do colectivo;

que sejam poucas e claras, pessoalmente tenho uma, sala de aula = sala de trabalho, tudo o que implique perturbar o trabalho (de quem quer que seja) não é permitido;

que sejam negociadas com os alunos desde início, que sejam conhecidas de todos e que todos participem na sua elaboração e na construção das penalizações;

haja coerência e consistência na sua aplicabilidade e respeito; o professor, enquanto juiz da sala de aula, não pode cair na arbitrariedades ou descricionaridade, considero que seja a pior das situações, que conduz a sentimentos de injustiça e ao descontrolo da sala de aula;

não se resolve o comportamentos desrespeitoso, nem perturbador da sala de aula, onde, por vezes, é o protagonismo individual que se destaca ou que se procura; mas definem-se, entre todos, elementos de convivência do colectivo e de gestão dos comportamentos e da dinâmica de sala de aula;

tecnologia e alienação

a propósito deste apontamento;
tenho permitido a utilização do telemóvel em sala de aula, em função de regras;
a regra é simples, e definida entre todos no início do ano, se um for apanhado e reincidente em utilização indevida a turma fica suspensa do seu uso; radical, mas é a responsabilização do individual perante o colectivo;
e isto porque, defendo que o telemóvel é, simultaneamente, elemento de trabalho (quem é que não o usa para pesquisas, mapas, redes ou outras funções que não apenas a de telefonar) mas e ao mesmo tempo, um elemento de alienação; de distanciação de um presente e/ou de um espaço; sendo esta a mais complexa de gerir;
considero essencial a existência de regras, simples, poucas, conhecidas e trabalhadas entre a turma;

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

a propósito do regresso à escola

se alguns pensam que só os alunos (e alguns pais/encarregados de educação) ficam em stresse pelo regresso às aulas vejam este sítio,
preparo o ano; ainda não sei se ficarei naquela que é a minha escola (a 53km de casa) se me mudo e para onde; 
mas preparo as coisas genéricas, organizo aquilo que, independentemente do sítio, serve para o arranque do ano; 
uma dessas coisas é a revisão da minha página web, forma de comunicar com os alunos, de os ajudar a navegar e a utilizar a web e forma de comunicar com pais/encarregados de educação (eles que consideram saber quase tudo, mas que precisam de conhecer para criar perspectiva), 

terça-feira, 28 de agosto de 2018

outro dos princípios

Koisas da escola, ao qual acrescentei um x na barra de endereço, porque, cá por casa à falta de melhor é o termo coisas que surge por tudo e por nada - dá-me aí essa coisa, olha a coisa, a coisa que aconteceu...

vai daí e a minha organização está feita tendo por base essa mesma palavra, coisas;

assim surgem coisas minhas, coisas da educação, coisas da escola, coisa de casa, and so on

há muito que queria esta designação, não estava disponível e surgiu, então, o coisas das aulas, alternativa que, na altura, me pareceu adequada,

no regresso refiz a designação e acrescentei-lhe este x de modo a ficar e a utilizar aquela que é a designação da qual mais gosto, coisas da escola;

como substituí o c pelo k para dar uma ideia de alguma juvenialidade - ideia...

coisa de princípio

estava para escrever que no princípio era o verbo, mas não sei se foi, não estava lá;
dou início ao meu talvez 5 blogue; pode ser exemplo do meu inconformismo como da minha inconsistência,

esta é a primeira entrada, por isso mais extensa, digo ao que venho e o que por aqui se poderá ler e encontrar; será para esta mesma entrada inicial que irei remeter as vezes que considere necessário para eventuais esclarecimentos;

costumo apresentar-me dizendo
54 anos
casado, dois filhos
professor dos ensino básico e secundário, grupo 400, história, 29 anos de serviço docente;
licenciado pela universidade de Évora, depois o caminho foi feito naquele que é agora o Instituto de Educação, pós graduação e mestrado em Ciências da Educação, área de Administração Educacional, e doutoramento em Políticas Educativas e Administração Escolar
benfiquista, socialista (não tenho vergonha), agnóstico, heterossexual e alentejano;
são estes os meus princípios de conversa; são aqueles que me condicionam o pensar e o agir;

na escola já fiz um pouco de tudo, como, certamente, a maioria dos docentes; leccionei do 7º ao 12º, cursos regulares e não regulares (currículos alternativos, vocacionais e de educação e formação),
fui vice presidente de um conselho diretivo (AE de Alandroal) e presidente de uma comissão administrativa provisória (AE de Viana do Alentejo); coordenador do departamento que integro, o de ciências sociais e humanas, colaborador regular e pontual da biblioteca da minha escola (AE de Vendas Novas);

não tenho a pretensão nem a veleidade de ensinar o que quer que seja a quem quer que seja, mas, fruto da idade e da experiência, sinto-me habilitado para partilhar ideias e práticas, emoções e sensações da escola e da sala de aula;

se tenho veleidade de alguma coisa passa por trocar e partilhar ideias sobre a escola de hoje, recheada de múltiplas interpretações e de mais ainda considerações e valorizações; todos têm uma pontinha que seja de opinião sobre a escola, como foi, como é, e, muito particularmente, como devia ser;

que sirva aos professores enquanto espaço de partilha de ideias e de prática
irão aparecer inúmeras entradas sobre a minha prática pedagógica, assente, inicialmente, há coisa de 20 anos atrás, na pedagogia diferenciada, e, mais recentemente, na metodologia de projecto, o que penso sobre ela, as minhas dificuldades e os meus constrangimentos como de alguns exemplos positivos;

como surgirão apontamentos sobre a minha leitura e a minha interpretação de políticas, sejam elas nacionais, sejam locais;

a caixa de comentários está aberta e, apesar desta rede nãos ser a mais badalada, será interessante o feedback ao qual responderei sempre aos que assumam identidade, a anónimos nem por isso...